terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Povo estranho este nosso

Desta feita venho desabafar sobre uma ubiquituosidade que nos toca a todos, portugueses e não só. Viver em sociedade é por vezes complicado.
Este post representa apenas a minha opinião sobre alguns temas, todos são convidados a comentar e a ter obviamente opiniões diferentes e totalmente opostas, pois cada um vive as coisas de maneira diferente.

Ora, eu sempre tive pavor de uma coisa, aquilo que não conheço, e portanto não controlo, ou pelo menos não me consigo preparar para enfrentar.
Fico espantado, pela quantidade de injustiças que há neste mundo, e também neste país (não direi que são mais nem menos que no resto do mundo, mas que as há, há!).

Civismo
Vamos começar com um exemplo, o civismo, ou a falta do mesmo. É impressionante a falta de educação de algumas pessoas com as quais normalmente nos cruzamos. Quer seja em lojas, restaurantes, serviços públicos e até mesmo na rua.
Há umas semanas atrás, eu e a minha cara metade decidimos ir às compras num centro comercial aqui da Lusa Atenas, e lá fomos nós. Chegados ao parque de estacionamento era necessário encontrar um lugar, de preferência não muito longe, lá vi uma viatura que iria sair, e, cumprindo as regras fui dar a volta pela linha seguinte para me por em posição de ocupar o lugar. Coloquei o pisca para ocupar o lugar enquanto a viatura saía, infelizmente a viatura saiu pelo sentido errado e não pude entrar logo, o que fez com que um chico-esperto, visse e entrásse pelo sentido proíbido, enfiando autenticamente o seu pópó no lugar. Como não sou de me conter face a injustiças apitei logo, ao que o chico-esperto me ofereceu um “manguito” estando ainda dentro da sua viatura. Eu até deixaria passar se não fosse aquela falta de educação, coloquei o meu carro a bloquear o dele e fui pedir explicações.
Ao início o chico-esperto ignorou-te totalmente, falava para a esposa para disfarçar. Foi aí que lhe perguntei se não tinha visto o sinal de sentido proíbido e onde tinha comprado a carta. Finalmente respondeu-me que tinha-lhe vindo no pacote da farinha. Ora, isso já eu tinha suspeitado. Perguntei se não tinha visto que eu estava à espera da outra viatura já com o pisca e tudo, ao que ele isse para eu procurar outro lugar, continuei por lhe lembrar que entrou por um sentido proíbido e que eu devia chamar a polícia por isso. Ele disse-me para chamar a polícia que até ía deixar lá o carro para isso e tudo. Como é possível uma pessoa nos seus 40-45 anos não ter um mínimo de civismo.
Nesse momento avistei o guarda do parque de estacionamento e chamei-o. O chico-espero já se ía embora, perguntei ao guarda se aquilo era comportamento normal, ao que ele me respondeu que era mais uma questão de civismo, e chamou a si o chico-espero. Este, contrariado lá veio, o guarda deve-lhe ter perguntado o que havia sido aquilo. O chico-esperto desatou a dizer: “mas o senhor ainda a semana passada me fez o mesmo!”, o guarda ficou estupefacto, depois o chico-esperto corrigiu: “não foi você, mas pode ter sido outra pessoa, é uma maneira de falar.”, e aí, sem mais argumentos, virou-se para mim, e disse: “foi esse senhor, eu reconheço o carro, na semana passada no Dolce Vitta, fez-me exactamente a mesma coisa.”, excusado será dizer que eu já não estacionava no parque do Dolce Vitta há meses.
Entretanto, tinha-se juntado um conjunto de pessoas, sobretudo de idade, e perguntando uns aos outros o que havia passado, começavam a indagar da falta de educação do chico-esperto, este continuava à conversa com o guarda (muita paciência tem de ter ele), vagou um lugar ali perto e fui estacionar a viatura.
Ao fim de alguma conversa, o guarda pediu ao chico-esperto para retirar de lá a viatura, penso que era uma maneira dele admitir o erro, com muita má vontade ele lá foi retirar a viatura, e quando saía, passou perto de mim, e ainda lançou um “ele que meta o lugar no **”, enfim, mais palavras para quê? O guarda pediu-me os dados para o caso de haver alguma queixa por parte do chico-esperto, eu forneci-lhos com muito prazer, e pedi-lhe que me contactasse logo, pois queria fazer uma queixa por incumprimento de sinais de trânsito e por difamação.
Conclusão, o chico-esperto deve ter tido um dia “lixado”, e nós comentámos o episódio todo o dia, brincado com a situação, que infelizmente se repete todos os dias. Impressiona-me o facto de pessoas já com uma certa idade agirem assim, no mínimo, deveriam admitir o erro e pedir desculpas.

Este exemplo pode ser complementado com outro que me contaram no mesmo dia, um senhor estava com seu jipe pronto para ocupar um lugar, de odne saía uma viatura, como a viatura saíu para o seu lado uma senhora ocupou o lugar rapidamente, vindo também no sentido proíbido. O senhor perguntou-lhe se ela não o tinha visto à espera do lugar, ao que ela respondeu: “O mundo é dos espertos!”. O senhor voltou ao seu jipe, tomou balanço, e bateu no carro da senhora, esmagando grande parte do mesmo. Ela entrou em pânico, ao que ele lhe disse: “O mundo é dos ricos, mande arranjar que eu pago!”. Dá que pensar.

A chico-espertice deveria ser crime ;)

Mas não é só no civismo que temos muito a melhorar, ando há cerca de um ano a tentar alertar as autoridades para o estacionamento selvagem na minha zona de residência, havendo um grande, e sempre vazio, estacionamento grátis a 50 metros, mas as resposta que sempre recebo é que não têm efectivos, ou que não é da responsabilidade deles. Ora, todos os santos dias há viaturas estacionadas em cima dos passeios, impedindo os peões de usar o passeio, e como estacionam assim dos dois lados será impossível a uma ambulância ou viatura dos bombeiros de entrar no nosso largo, o que é muito grave. Isto complementado com as pessoas que por vezes estacionam mesmo em frente às entradas dos aparcamentos, em frente às portas de entradas dos apartamentos, mesmo em cima do passeio no cruzamento, o que, por falta de visibilidade já quase me causou dois acidentes... custaria muito à Polícia passar ali e colocar uns avisos (ameaças) nas viaturas? Custaria muito à Junta de Freguesia colocar uns vasos grandes com plantas em cima dos passeios? Ficaríamos com uma área agradável em vez do passeio estragado como está ficar, e permitiria aos peões o uso da sua via de circulação. Custaría muito a essas pessoas, estacionar no parque e caminhar 50 metros? Até lhes faz bem...

Política, inJustiça, Corrupção
Enfim, é o mundo que temos, o país que temos, depois temos exemplos bem mais graves, suspeições na política, um sistema de inJustiça que não funciona, que tapa o sol com uma peneira, brincando com a inteligência das pessoas, demorando eternidades para resolver casos que parecem óbvios, deitando fora escutas onde a corrupção é inegável, eu sinto que os gatunos têm mais direitos que o cidadão comum, eu sinto, e você não sente?

Futebol
Amo o futebol, e todos os que me conhecem sabem da paixão que nutro pela Académica, e aí também acho que há inúmeras injustiças, não vou dar exemplos pois tería centenas, mas os clubes humildes e pequenos é que teríam razões de culpa, dos outros sempre se fala, tudo está contra eles, e nós temos de jogar 3 vezes melhor que eles para lhes ganhar, senão fica difícil. Isto porque há arbitragens mesmo más, que poderiam ser corrigidas com ajudas tecnológicas, com castigos aos árbitros após visualização dos lances mais críticos, etc. Errar é humano, sem dúvida, e sou bem capaz de dizer quando também somos beneficiados, mas há erros recorrentes, será que 4 árbitros à volta de um rectângulo não conseguem ver situações escandalosas? Não se apanham todas, mas a maioria sim!

É o mundo que temos, o país que temos, devíamos ser bem diferentes, mas somos um povo estranho, nós!

1 comentário:

  1. Só existe uma solução: continuar a remar contra a maré "chico-rico-espertista". Servindo as leis para suportar a sociedade, só a sociedade suportando o Direito é que nos fará caminhar em frente enquanto seres CAPAZES de evoluir. Nada como ser persistente !

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